Breve história da relojoaria – Parte 1

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Breve história da relojoaria – Parte 1

Um evento memorável na história da relojoaria ocorreu em 1759 pelas mãos do inglês John Harrison. Harrison era na verdade um carpinteiro autodidata que se tornou relojoeiro. Sua genialidade o levou à construção de um relógio todo em madeira, com apenas 20 de idade. Seus anos de experiência e inventividade culminaram na criação do cronômetro marítimo H4, que o levou a vencer o “Prêmio da Longitude”, instituído pelo governo britânico com o objetivo de premiar quem elaborasse o melhor método para determinar a longitude em alto mar. Enquanto a latitude já podia ser determinada há séculos pela observação dos astros, um dos métodos mais exatos para determinação da longitude era o uso de um instrumento que marcasse com precisão a passagem do tempo – um relógio. Uma vez que a Terra gira 360° e portanto, 15° por hora, sabendo-se a velocidade e o tempo exato decorrido, podia-se determinar com exatidão sua longitude e logo, sua posição exata no globo. Tal fato revolucionou as navegações, tornando-as principalmente mais seguras.

Outro momento fundamental da história dos relógios ocorreu por uma necessidade básica do sistema de transporte ferroviário. Uma vez que a hora certa é determinada pelos astros, como pelo Sol, durante o dia, duas cidades separadas por alguns quilômetros tinham horários diferentes num mesmo momento. Um trem que partisse ao meio-dia de uma cidade, estaria partindo vários minutos antes ou depois, de acordo com o horário da cidade de destino. Além do desconforto de se ajustar o relógio várias vezes em uma viagem, os diferentes padrões (ou a falta deles) para cada cidade gerava confusões e trazia riscos de acidentes para a própria operação das linhas. As empresas ferroviárias inglesas foram as primeiras a adotar um sistema de horário padrão, baseado no horário de Londres. Por volta de 1855, quase todos os relógios públicos da Inglaterra mostravam o horário de Londres. Em 1880 isso se tornou obrigatório com a implantação do “Definition of Time Act”. Uma convenção semelhante foi adotada pelas empresas ferroviárias nos Estados Unidos em 1883, se tornando obrigatório com o “Standard Time Act” de 1918. Mas a padronização do horário sozinha não resolvia totalmente o problema: para que todos os trens em uma linha operassem num padrão de horário, eram necessários relógios que oferecessem precisão suficiente. Nos EUA, surgiu um padrão para relógios ferroviários – relógios de bolso – para serem usados pelos condutores dos trens. Apesar da construção simples – eram relógios para operários – eram fabricados com mecanismos da melhor qualidade, com os melhores ajustes e regulagens, oferecendo altíssima precisão e leitura fácil, tornando famosos os relógios de bolso americanos conhecidos como “relógios ferroviários”, muito apreciados por colecionadores nos dias de hoje.

 

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