Breve história da relojoaria – Parte 2

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Breve história da relojoaria – Parte 2

A mesma miniaturização que levou ao surgimento do relógio de bolso no século XVI, culminou na invenção do relógio de pulso no século XIX. Os primeiros relógios de pulso eram na verdade braceletes femininos – jóias – que continham um relógio. Um dos registros mais antigos data de 1790, onde um livro de contabilidade da Jaquet-Droz e Leschot de Genebra menciona “um relógio para ser fixado em um bracelete”. Porém um dos registros mais concretos do primeiro relógio de pulso data de por volta de 1812, quando Abraham Louis Breguet concluiu seu relógio para a Princesa de Nápoles. No fim do século XIX, a Patek Philippe produziu um relógio de pulso para a Condessa Koscowicz, da Hungria. Surgem também os primeiros registros de relógios de pulso masculinos. Tais relógios eram basicamente relógios de bolso adaptados para serem usados no pulso – uma necessidade militar de se ver as horas rapidamente, mesmo com ambas as mãos ocupadas. Em 1880 a Girard Perregaux forneceu relógios de pulso para a Imperial Marinha Alemã. Em 1902, a Omega publicou uma propaganda com um relógio de pulso, usado por um oficial de artilharia britânico que alegava ser “um indispensável item de equipamento militar”. Propaganda semelhante saiu em um jornal alemão em 1904, com testemunhos de um tenente-coronel britânico que usou relógios de pulso na Guerra dos Bôeres, onde enaltecia a qualidade dos Omega “usados por meses pela cavalaria, suportando frio e calor, chuvas e tempestades de areia”.

Até então, contudo, tais relógios masculinos ainda eram contrações de relógios de bolso adaptados para o pulso. Embora seja um exagero atribuir a invenção do relógio de pulso ao brasileiro Alberto Santos Dumont, conforme registros do parágrafo anterior, é verdade que ele teve contribuição no surgimento de um dos primeiros relógios genuinamente de pulso. Assim como os militares, um aviador necessitava ver as horas mesmo com as mãos ocupadas. Seu relacionamento com o joalheiro francês Louis Cartier fez com que este presenteasse Santos Dumont com um relógio para ser usado no pulso. O relógio foi desenhado do zero como um relógio de pulso, e sua forma retangular e com pulseira de desenho integrado pouco lembrava uma mera adaptação de um relógio de bolso. O Cartier “Santos” pode ser considerado uma revolução mais no âmbito do design do que da relojoaria propriamente. A popularidade de Santos Dumont ajudou a quebrar o preconceito do relógio de pulso como sendo um objeto feminino. Em 1911, o modelo era lançado no mercado.

O relógio de pulso masculino adquiriu fama definitiva durante a Primeira Guerra Mundial. O que era considerado uma mera peça de joalheria provou-se um objeto funcional. Os mecanismos passaram a ser produzidos com tamanho específico para relógios de pulso e já na década de 1930 o relógio de bolso começava a perder popularidade. Quase todo fabricante de relógio já produzia mecanismos especificamente para relógios de pulso. Algumas décadas depois surgiram os relógios elétricos e eletrônicos. O que pareceu a princípio como o fim do relógio mecânico, apenas alimentou sua volta como um objeto que é símbolo da soma de séculos de ciência e engenhosidade humana.

O relógio, seja lá sob qual forma, é um dos objetos mais presentes ao ser humano por milênios, como controle de safras agrícolas, como referência dos cultos religiosos, como método de navegação e como organizador de nossas tarefas diárias, entre tantas outras funções ao longo da história. Teve papel fundamental no desenvolvimento do mundo, nas navegações, no sistema de transporte ferroviário e na organização do trabalho no mundo industrializado. Após 6.000 anos que se conhecem da relação do homem com a medição do tempo, a referência de hora certa ainda é a astronomia, desde o relógio de sol de 4.000 a.C., passando pelos primeiros mecânicos com precisão de 15 minutos por dia, até os relógios atômicos de hoje, com precisão de um segundo a cada 30 milhões de anos. Todo esse tempo de evolução foi para que não precisássemos mais olhar tão frequentemente para o alto para saber as horas… Dá para acreditar?

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