O relógio é um dos instrumentos mais antigos criados pelo homem, e é um objeto que por diversas razões, exerce uma forma de fascínio. Um relógio, sob qualquer forma, das mais ancestrais até as mais modernas, expressa o conhecimento humano em diversas ciências. O mais primário dos relógios, o relógio de Sol, já exigia um mínimo de conhecimento sobre o comportamento do Sol e sua relação com a passagem do tempo. Os egípcios, em 4.000 a.C., já se baseavam no ano como um período de 365 dias, assim como usavam um sistema sexagesimal de marcação do tempo, ou seja, baseado no número 60.
Há descobertas arqueológicas de relógios de sol datando de 3.500 até 5.000 anos antes de Cristo, com versões mais elaboradas encontradas no Egito datadas por volta de 1.500 a.C. O Velho Testamento traz o registro mais antigo de um relógio de Sol, no livro Isaías 38.8, onde diz: “Eis que farei retroceder dez graus a sombra lançada pelo Sol declinante no relógio de Acaz. E assim retrocedeu o Sol os dez graus que já havia declinado”.
O relógio de água, conhecido como clepsidra, data de por volta de 1.600 a.C., surgido no Egito e na Babilônia, embora alguns historiadores defendem que ele já existisse na China por volta de 4.000 a.C. Um sistema primitivo de escapamento e engrenagens apareceu na Grécia por volta de 300 a.C. A ampulheta apareceu por volta de 1.100 a 1.300 d.C. como uma alternativa portátil de medição de tempo. O navegador português Fernão de Magalhães utilizou 18 ampulhetas em cada navio durante sua expedição em 1519. Na mesma época das ampulhetas, já havia registros de relógios mecânicos de grande porte, como torres, por toda a Europa.
O relógio da Catedral de Salisbury, na Inglaterra, datado de 1386, é o mais antigo relógio mecânico que ainda funciona, e com a maioria de suas peças ainda originais. Já possuía um escapamento do tipo verge com foliot. A força motriz provêm do peso de duas grandes pedras. Muito embora não possua um mostrador com ponteiros, é um relógio da mesma maneira, pois é ele que controla a batida dos sinos na hora certa.
Cerca de 200 anos mais tarde, o relógio passaria pela sua primeira miniaturização, para se tornar um objeto doméstico. Galileo Galilei investigou o movimento oscilatório dos pêndulos e descobriu que ele poderia ser usado como elemento na marcação do tempo. Mais tarde, em 1656, o holandês Christiaan Huygens construiu o primeiro relógio de pêndulo. Em suas versões mais elaboradas, possuía precisão tão boa quanto 10 segundos por dia, algo incrível para aquela época. Em poucos anos, o escapamento verge evoluiu para o escapamento de âncora, ao passo em que surgia o balanço com mola em espiral. O relógio de bolso, desenvolvido no século XVI, tiraria todo o proveito do balanço com espiral antes do fim do século XVII.